As propostas pedagógicas no contexto dos anos 1930 no Brasil
Na década de 1930, nossas elites, divididas em grupos ideológicos, produziram reflexões
pedagógicas (e também do ponto de vista político e intelectual).
Tivemos em nosso país, então, o surgimento de quatro grandes conjuntos de idéias
a respeito da educação. Esses quatro projetos são os dos ideários Liberal, católico,
Integralista e Comunista.
O ideário Liberal
Ele foi responsável pela motivação de determinados setores da sociedade no sentido de
buscar na educação possibilidades de ascensão social, por isso, se tornou mais consistente
e agradável a boa parte de nosso povo.
Propostas principais: expansão da rede escolar e pela qualidade do ensino.
Principais representantes na educação: Anísio Teixeira, Fernando de Azevedo e Lourenço
Filho.
A doutrina do liberalismo tem um caráter econômico e político, calcada na idéia da
liberdade individual. Em sua dimensão econômica, trata-se da defesa da liberdade de
comprar e vender bens, sustentáculo das modernas economias de mercado.
O ideário Liberal na Educação:
O ideário Liberal em Educação caracterizou-se por quatro aspectos: a igualdade de
oportunidades e democratização da sociedade via escola, a noção da escola ativa (voltada
a orientação vocacional), a distribuição hierárquica dos jovens no mercado de trabalho
pela competência, e por fim, a proposta da escola como posto de assistência social.
A Escola deveria “ser a guardiã da democracia” (Anísio Teixeira). Em seu livro de
1957, Educação não é privilégio, defendia que a escola “não podia ficar no seu destino
de perpetuadora da vida social presente, mas teria que transformar-se no instrumento
consciente e inteligente do aperfeiçoamento social. E nesse sentido a Escola deve dirigir a
orientação e a vocação profissional.
O Ideário Católico
Colocou todo o seu prestígio para reverter o quadro de separação formal entre Igreja e
Estado.
A Igreja Católica estreou sua participação no novo regime pós-1930 com uma vitória
bastante comemorada [...], conseguiu do então ministro da Educação Francisco Campos
o Decreto de abril de 1931 que institucionalizou o ensino de religião facultativo na rede
escolar pública.
Tal Decreto provocou a reação de vários intelectuais e, sem dúvida, foi um das maiores
polêmicas pedagógicas desse período.
Para Jônathas Serrano: em artigos para a revista “A Ordem” declarava: “há uma
correspondência entre o ensino laico e o aumento da criminalidade”.
O Ideário Integralista
O MOVIMENTO INTEGRALISTA foi fundado por PLÍNIO SALGADO quando, no
dia 7 DE OUTUBRO de 1932, lançou um MANIFESTO à NAÇÃO, que na sua primeira
afirmação diz: DEUS dirige os destinos dos Povos, e que o HOMEM deve praticar sobre
a terra as virtudes que o elevam e o aperfeiçoam. O homem vale pelo trabalho, pelo
sacrifício em favor da FAMÍLIA, da PÁTRIA e da Sociedade. Estava definida a trilogia
que marcou toda a trajetória do Movimento: DEUS, PÁTRIA E FAMÍLIA. Lançado em
São Paulo, o Manifesto percorreu a Nação brasileira.
Os principais militantes que deram corpo ao movimento integralista brasileiro foram
Plínio Salgado, Gustavo Barroso e Miguel Reale. Plínio Salgado sistematizou a teoria
do Estado Integral, e criou os uniformes, símbolos, costumes, hábitos e rituais dos
participantes do movimento integralista.
Direção ideológica
Sua finalidade está definida no artigo 2º:
"funcionar como centro de estudos e cultura sociológica e política; desenvolver uma
propaganda de elevação moral e cívica do povo brasileiro; implantar no Brasil o Estado
Integral".
Teoria do estado Integral - Na ordem econômica, o regime da economia dirigida no
sentido do predomínio do social sobre o individual; na ordem moral, a cooperação
espiritual de todas as forças que defendem a idéia de Deus, Pátria e Família; na ordem
intelectual, a participação de todas as forças culturais e artísticas na vida do Estado".
Nacionalismo
Plínio Salgado exaltava o Nacionalismo como forma de se fazer a verdadeira revolução
brasileira, como afirmado em seu livro A Quarta Humanidade. Salgado afirmou que a
exaltação do passado colonial de qual resulta a herança étnica do povo brasileiro (nós
somos um povo que começou a existir desde a morte de todos os preconceitos, quando
as três raças se fundiram) é "verdadeira brasilidade", dado o estado de "abandono" que
Portugal relegou ao Brasil;
Foi nesse abandono que nasceu uma nacionalidade espontânea, que seria corroída pelos
estrangeirismos após a independência, e que o integralismo pretendia resgatar.
O Anti-semitismo
Além de Plínio Salgado, outro grande líder integralista era Gustavo Barroso, escritor
brasileiro, membro da Academia Brasileira de Letras. Barroso era grande defensor
do anti-semitismo e do anti-comunismo. O integralista cearense foi o tradutor, para o
português, de um dos livros chave do anti-semitismo mundial, os Protocolos dos Sábios
de Sião. Os protocolos acusam os judeus de fazerem parte de uma conspiração para
dominar o mundo. Gustavo Barroso talvez tenha sido o integralista brasileiro que mais
se aproximou dos ideais nacional-socialistas no que se refere a perseguição dos judeus.
Barroso porém escreve em suas obras que o seu anti-semitismo não era de cunho racial ou
religioso e se restringia ao campo político.
Orientação vocacional para a hierarquização da sociedade: discriminação e racismo
Os testes vocacionais defendidos por Fernando Azevedo e Lourenço Filho, nas mãos dos
Integralistas, ganharam uma conotação elitista, racista e altamente discriminatória.
Nos textos de Backeuser, que mais tarde, escreveu um Ensaio de biotipologia educacional
buscava casar os métodos individualistas do escolanovismo com a busca de vocações
através da biotipologia racista.
A pedagogia Integralista
O problema da Cultura foi tomado como uma questão fundamental. A Cultura foi
invocada na Cartilha do Integralismo no sentido de proporcionar uma consciência
nacional, sem a qual nada se poderá fazer de duradouro. (p. 65)
A cultura da inteligência e do espírito e não a simples aprendizagem mecânica de letras e
algarismos é que lhe seria necessária para a formação do brasileiro. (p. 65)
A Cartilha colocou que a nação deveria ser definida como uma sociedade solidária
naturalmente estabelecida entre os trabalhadores da inteligência, do braço e do capital;
sendo assim, todos seriam trabalhadores e atuariam em cooperação naturalmente. (p. 66)
O Ideário Comunista
Definição: O que é o Comunismo?
O comunismo pode ser definido como uma doutrina ou ideologia (propostas sociais,
políticas e econômicas) que visa a criação de uma sociedade sem classes sociais. De
acordo com esta ideologia, os meios de produção (fábricas, fazendas, minas, etc)
deixariam de ser privados, tornando-se públicos. No campo político, a ideologia
comunista defende a ausência do Estado.
Karl Marx (1818-1883) foi o responsável pela análise econômica e histórica mais
detalhada da evolução das relações econômicas entre as classes sociais.
José Neves (tradutor do livro Educação burguesa e educação proletária)
Neves – através de uma ótica classista alimentada por um determinado tipo de marxismo –
insistiu que o slogan dos escolanovistas: “educação para a vida e pela vida” não poderia se
realizar concretamente na sociedade burguesa, pois a escola burguesa estaria impedida de
proporcionar uma educação capaz de mostrar a vida como ela é.
Será capaz a educação burguesa de fazer com que a criança conheça de perto um sindicato
proletário de luta, as mil peripécias no desenrolar de uma greve de trabalhadores? Poderá
explicar à infância proletária a razão de arrastar a sua vida em cortiços e favelas, apesar de
todos os membros de sua família trabalharem na fábrica e no campo?
Poderá explicar a destruição de riquezas criadas pela força de trabalho, quando os
operários passam fome? Os interesses da classe dominante impõem que a educação
burguesa silencie sobre isso, que a escola se isole da realidade social.
Referencias:
In:______ GIRALDELLI JR, Paulo. História da Educação brasileira. São Paulo: cortez,
2008.
http://www.historiaemperspectiva.com/2011/11/as-propostas-pedagogicas-no-
contexto.html