quarta-feira, 17 de abril de 2013

Educação Na Era Vargas e o Manifesto Pioneiro


As propostas pedagógicas no contexto dos anos 1930 no Brasil

Na década de 1930, nossas elites, divididas em grupos ideológicos, produziram reflexões
pedagógicas (e também do ponto de vista político e intelectual).
Tivemos em nosso país, então, o surgimento de quatro grandes conjuntos de idéias
a respeito da educação. Esses quatro projetos são os dos ideários Liberal, católico,
Integralista e Comunista.

O ideário Liberal

Ele foi responsável pela motivação de determinados setores da sociedade no sentido de
buscar na educação possibilidades de ascensão social, por isso, se tornou mais consistente
e agradável a boa parte de nosso povo.
Propostas principais: expansão da rede escolar e pela qualidade do ensino.
Principais representantes na educação: Anísio Teixeira, Fernando de Azevedo e Lourenço
Filho.
A doutrina do liberalismo tem um caráter econômico e político, calcada na idéia da
liberdade individual. Em sua dimensão econômica, trata-se da defesa da liberdade de
comprar e vender bens, sustentáculo das modernas economias de mercado.

O ideário Liberal na Educação:

O ideário Liberal em Educação caracterizou-se por quatro aspectos: a igualdade de
oportunidades e democratização da sociedade via escola, a noção da escola ativa (voltada
a orientação vocacional), a distribuição hierárquica dos jovens no mercado de trabalho
pela competência, e por fim, a proposta da escola como posto de assistência social.
A Escola deveria “ser a guardiã da democracia” (Anísio Teixeira). Em seu livro de
1957, Educação não é privilégio, defendia que a escola “não podia ficar no seu destino
de perpetuadora da vida social presente, mas teria que transformar-se no instrumento
consciente e inteligente do aperfeiçoamento social. E nesse sentido a Escola deve dirigir a
orientação e a vocação profissional.

O Ideário Católico

Colocou todo o seu prestígio para reverter o quadro de separação formal entre Igreja e
Estado.
A Igreja Católica estreou sua participação no novo regime pós-1930 com uma vitória
bastante comemorada [...], conseguiu do então ministro da Educação Francisco Campos
o Decreto de abril de 1931 que institucionalizou o ensino de religião facultativo na rede
escolar pública.
Tal Decreto provocou a reação de vários intelectuais e, sem dúvida, foi um das maiores
polêmicas pedagógicas desse período.
Para Jônathas Serrano: em artigos para a revista “A Ordem” declarava: “há uma
correspondência entre o ensino laico e o aumento da criminalidade”.

O Ideário Integralista

O MOVIMENTO INTEGRALISTA foi fundado por PLÍNIO SALGADO quando, no
dia 7 DE OUTUBRO de 1932, lançou um MANIFESTO à NAÇÃO, que na sua primeira
afirmação diz: DEUS dirige os destinos dos Povos, e que o HOMEM deve praticar sobre
a terra as virtudes que o elevam e o aperfeiçoam. O homem vale pelo trabalho, pelo
sacrifício em favor da FAMÍLIA, da PÁTRIA e da Sociedade. Estava definida a trilogia
que marcou toda a trajetória do Movimento: DEUS, PÁTRIA E FAMÍLIA. Lançado em
São Paulo, o Manifesto percorreu a Nação brasileira.
Os principais militantes que deram corpo ao movimento integralista brasileiro foram
Plínio Salgado, Gustavo Barroso e Miguel Reale. Plínio Salgado sistematizou a teoria
do Estado Integral, e criou os uniformes, símbolos, costumes, hábitos e rituais dos
participantes do movimento integralista.

Direção ideológica

Sua finalidade está definida no artigo 2º:
"funcionar como centro de estudos e cultura sociológica e política; desenvolver uma
propaganda de elevação moral e cívica do povo brasileiro; implantar no Brasil o Estado
Integral".
Teoria do estado Integral - Na ordem econômica, o regime da economia dirigida no
sentido do predomínio do social sobre o individual; na ordem moral, a cooperação
espiritual de todas as forças que defendem a idéia de Deus, Pátria e Família; na ordem
intelectual, a participação de todas as forças culturais e artísticas na vida do Estado".

Nacionalismo

Plínio Salgado exaltava o Nacionalismo como forma de se fazer a verdadeira revolução
brasileira, como afirmado em seu livro A Quarta Humanidade. Salgado afirmou que a
exaltação do passado colonial de qual resulta a herança étnica do povo brasileiro (nós
somos um povo que começou a existir desde a morte de todos os preconceitos, quando
as três raças se fundiram) é "verdadeira brasilidade", dado o estado de "abandono" que
Portugal relegou ao Brasil;
Foi nesse abandono que nasceu uma nacionalidade espontânea, que seria corroída pelos
estrangeirismos após a independência, e que o integralismo pretendia resgatar.

O Anti-semitismo

Além de Plínio Salgado, outro grande líder integralista era Gustavo Barroso, escritor
brasileiro, membro da Academia Brasileira de Letras. Barroso era grande defensor
do anti-semitismo e do anti-comunismo. O integralista cearense foi o tradutor, para o
português, de um dos livros chave do anti-semitismo mundial, os Protocolos dos Sábios
de Sião. Os protocolos acusam os judeus de fazerem parte de uma conspiração para
dominar o mundo. Gustavo Barroso talvez tenha sido o integralista brasileiro que mais
se aproximou dos ideais nacional-socialistas no que se refere a perseguição dos judeus.
Barroso porém escreve em suas obras que o seu anti-semitismo não era de cunho racial ou
religioso e se restringia ao campo político.

Orientação vocacional para a hierarquização da sociedade: discriminação e racismo

Os testes vocacionais defendidos por Fernando Azevedo e Lourenço Filho, nas mãos dos
Integralistas, ganharam uma conotação elitista, racista e altamente discriminatória.
Nos textos de Backeuser, que mais tarde, escreveu um Ensaio de biotipologia educacional
buscava casar os métodos individualistas do escolanovismo com a busca de vocações
através da biotipologia racista.

A pedagogia Integralista

O problema da Cultura foi tomado como uma questão fundamental. A Cultura foi
invocada na Cartilha do Integralismo no sentido de proporcionar uma consciência
nacional, sem a qual nada se poderá fazer de duradouro. (p. 65)
A cultura da inteligência e do espírito e não a simples aprendizagem mecânica de letras e
algarismos é que lhe seria necessária para a formação do brasileiro. (p. 65)
A Cartilha colocou que a nação deveria ser definida como uma sociedade solidária
naturalmente estabelecida entre os trabalhadores da inteligência, do braço e do capital;
sendo assim, todos seriam trabalhadores e atuariam em cooperação naturalmente. (p. 66)

O Ideário Comunista

Definição: O que é o Comunismo?
O comunismo pode ser definido como uma doutrina ou ideologia (propostas sociais,
políticas e econômicas) que visa a criação de uma sociedade sem classes sociais. De
acordo com esta ideologia, os meios de produção (fábricas, fazendas, minas, etc)
deixariam de ser privados, tornando-se públicos. No campo político, a ideologia
comunista defende a ausência do Estado.
Karl Marx (1818-1883) foi o responsável pela análise econômica e histórica mais
detalhada da evolução das relações econômicas entre as classes sociais.

José Neves (tradutor do livro Educação burguesa e educação proletária)

Neves – através de uma ótica classista alimentada por um determinado tipo de marxismo –
insistiu que o slogan dos escolanovistas: “educação para a vida e pela vida” não poderia se
realizar concretamente na sociedade burguesa, pois a escola burguesa estaria impedida de
proporcionar uma educação capaz de mostrar a vida como ela é.

Será capaz a educação burguesa de fazer com que a criança conheça de perto um sindicato
proletário de luta, as mil peripécias no desenrolar de uma greve de trabalhadores? Poderá
explicar à infância proletária a razão de arrastar a sua vida em cortiços e favelas, apesar de

todos os membros de sua família trabalharem na fábrica e no campo?
Poderá explicar a destruição de riquezas criadas pela força de trabalho, quando os
operários passam fome? Os interesses da classe dominante impõem que a educação
burguesa silencie sobre isso, que a escola se isole da realidade social.


Referencias:
In:______ GIRALDELLI JR, Paulo. História da Educação brasileira. São Paulo: cortez,
2008.

http://www.historiaemperspectiva.com/2011/11/as-propostas-pedagogicas-no-
contexto.html

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